segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

POUSADA DE PARDAIS

A tranco no pensamento,
Remonto meu velho flete,
Mangueirão acampamento,
Faço parar no brete.

Dou de rédea no passeio,
Boleando a perna no más,
Oiga-lê! Lindo floreio,
No canto destes pardais.

Estribilho
São asas de liberdade,
São vozes em sintonia,
Cobrindo nossa cidade,
Com preces de Ave-Maria.

Bandos e bandos com carinho,
Alçam vôo nos quintais,
E Marinho se faz ninho,
E pousada de pardais.

Outros pardais gorgeam,
No paço do calçadão,
Consagrando seus anseios,
Na cidade coração.

Estribilho

O cenário da Matriz,
É palco de benquerer,
Aconchego de amigos,
Que me arrima a viver.

Cantem, cantem meus pardais,
A força nativa que trago,
Amadrinhando teu ninho,
Na querência do meu pago.


Estribilho

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

HERANÇA DO VOTO

Título é o símbolo de uma conquista,
Expressa a essência da altivez,
De gente que tudo faz e tem vez,
Transmite alegria e deixa contente,
Traça um carisma de linha de frente,
De quem na trilha busca a vitória,
Marcando nas brechas da história,
A eleição de um novo dirigente.

Tu que em décadas de outrora,
Servia de ilusória cidadania,
Fazendo nos crer na sabedoria,
De ilustres e destros sabichões,
Arrastando no papo multidões,
Que ficavam até muito comovidos.
Com as promessas de pé-de-ouvido,
Dos eloqüentes figurões.

Foi assim nesta parafernália,
Que por ti perdi o respeito,
E hoje estás desse jeito,
Com o pala todo em farrapo,
Revestido do mais puro fiapo,
Como matreiro corrido de onça,
Tristeza de um ente geringonça,
Velho título feito trapo.

Como diz o velho ditado,
Sem querer fazer acinte,
Ai vem a constituinte,
Com a reforma eleitoral,
Aurora de bom sinal,
Prá votar com serventia,
Novo título sem fotografia,
Com aparência normal.


Abril de 1986.

“João Boca-do-Monte” Patrono da Querência

Alço a perna no meu pingo,
Flete puro Guarani,
Pisando terra Imebuí,
Na velha Boca-do-Monte,
Revivendo horizontes,
Da bela Pátria sulina,
Onde o verde das campinas,
Aminam a quebra dos montes.

Lembro João Cezimbra Jaques,
Gaúcho desde piazito,
Teve um passado bonito,
De raça, fibra e talento,
Deu grito aos quatro-ventos,
Marcando sua trajetória,
Nasceu pra honrar a história,
Na rua do Acampamento.

Vertente de admiráveis virtudes,
Monarca de muita sabedoria,
Sublimava o que fazia,
E ao Rio Grande presenteava,
Tribunando não calava,
Sua filosofia pioneirista,
De raízes indigenistas,
À querência consagrava.

De acendrado amor ao pago,
Ao partir prá eternidade,
Plantou o arco-íris da saudade,
Levando a cisma ardente,
E o entono por semente,
Foi taura por excelência,
Foi caudal de inteligência,
Essência de Terra, Alma e Gente.

Apresentou-se ao criador,
Co’a terra, Boca-do-Monte,
Buscada na mesma fonte,
Desta sobranceira coxilia,
João é uma estrela que brilha,
Na grande estância celeste,
Produto da pampa agreste,
Da brava gente farroupilha.

João Boca-do-Monte,
Bandeira do tradicionalismo,
Suporte do nativismo,
Patrício desta querência,
Sinuelo de transparência,
Que nos reponta as raízes,
Por isso, exultamos felizes,
Os feitos de sua existência.


Santa Maria da Boca-do-Monte, no ano do 139º aniversário do nascimento de João Cezimbra Jaques. Palestra do Cap PM Pedro de Mattos Ribas, no DCT do Clube Caixeral/SM, em 10/11/88.