segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CHASQUE DE NATAL

Brilha a estrela boiadeira,
Lá na estância celeste,
E na querência agreste,
O pingo vence distâncias,
Trazendo esperanças,
E lembranças do menino,
Um prenúncio vespertino,
Neste rodeio de andanças.

No aparte deste chasque,
Boas festas e bemquerências,
Desejos em efervescências,
No aconchegar do ano novo,
Que o homem seja mais humano,
Propiciando felicidade e alegria,
Integração e muita harmonia,
Em cada dia do Brigadiano.


Natal de 1987

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

RUGAS DO TEMPO

Sem o abrigo carinhoso do jovem,
Debruçado na janela do tempo,
Olho, vejo, medito e contemplo,
Imploro ao “Pai Nosso” lá do céu,
Que não deixe este irmão ao léu,
Rugando, negras noites de sono.

Como é dura a vida do idoso!
Porque? Ela tem que ser assim!
Se antes, foi árvore, flor e jardim,
Será que depois de tantos invernos,
Viverá só com os risos de amargura?
Esperando o fim de sua árdua aventura,
Distante de um sentimento fraterno.

Como somos maus e impiedosos!
No destino de quem só deu amor,
Ninguém lhe dá mais valor,
Deixando-o sozinho e aflito,
Com a alma sempre em agonia,
Que aos poucos, morre, dia-a-dia,
No “caos” deste mundo em conflito,

Daqui a dias, seremos nós,
Que olharemos para o infinito,
E então, pediremos a “Deus” bendito!
Que nos dê energia e proteção,
Livrando-nos, da triste ansiedade,
Que amarga, no universo da piedade,
Em busca constante da compreensão.

Salve! Salve! O companheiro idoso,
Figura altiva que merece respeito,
Espelho de experiência e grandes feitos,
Tão marcante neste elo de carinho,
Onde a vivência mostra que somos anões,
E enseja momentos para reflexões,
A remover as pedras do caminho,

Amigo! Quem ama a pessoa idosa,
Mostra riqueza humana e espiritual,
Demonstra vivência, e dá sinal,
De altruísmo e muita constância,
E jamais caminhará sozinho,
Pois, encontrará amor e carinho,
No riso, angelical da criança.


Santa Maria, RS, abril de 1986.

Pedro de Mattos Ribas – Autor.

TOQUE DE SILÊNCIO

Ao Sd PM Leovegildo Silveira


Tombou um bravo soldado,
No entrechoque com a vida,
O coração não aguentou a lida,
E só as clarinadas sobrou,
Dos causos que ele contou,
Hoje só resta saudade,
De mais um clarim da Unidade,
Que o Comando supremo chamou.

Por certo fará parceria,
Com o clarim Nico Ribeiro,
Que de Bento foi parceiro,
E hoje vaga a-lo-léu,
Como luz rasgando o céu,
Na grande querência infinita,
Entoando notas bonitas,
Como em seu primeiro tendéu.

Emudeceu mais um calrim,
Da minha Brigada Guerreira,
Que fez melodia e trincheira,
No Regimento a marchar,
Canções e hinos a trinar,
Numa nova dimensão,
Pro seu primeiro patrão,
Que o chamou para lhe escutar.

Clarineia meu bom Silveira,
Leva contigo a velha corneta,
Soarão também as trombetas,
De muitos outros parceiros,
Que partiram daqui primeiro,
E que estão a tua espera,
Com flores de primavera,
Deste rincão sobranceiro.



Santa Maria, RS, 19 Out 88

VELHO TRASTE

Tio João Pedro, velho João,
Abra o fole da cordeona,
Cante junto uma canção,
Nessa gaita querendona.

Em cada verso que canto,
Uma tristeza me invade,
Cada gota do meu pranto,
Velho fole é saudade.

Quando abro este meu fole,
O traste velho rumina,
Meu coração fica mole,
E o meu peito ilumina.

Velha gaita missioneira,
Cheia de marca manhosa,
Mazurca, xote, vaneira,
Queixas de prenda chorosa.

Meu Pai recebeu de herança,
Do tempo do meu avô,
Gaita, chinoca e dança,
Mostrando aquilo que sou.

Velho traste de oito baixo,
Com o fole todo marcado,
Resmungando te encaixo,
No porão do meu passado.

Sta Maria, 10 Abr 86

sábado, 25 de junho de 2011

Holocausto Viário

Roda, roda fogoso corcel,
Por este mundo feroz,
E leva esta mensagem,
No timbre de nossa voz.

A violência do volante,
Não tem alma e nem coração,
Desventurando os andantes,
Que se movem na escuridão.

Vamos gritar bem alto!
Pra que ouçam nosso apelo,
É hora de dar um basta,
No holocausto deste atropelo.
Consciência é a palavra chave,
Pra esta nefasta jornada,
Que nos elege tragi-campeões,
No universo das estradas.

Dos passeios domingueiros,
Vem notícias, no jornal,
De acidentes rotineiros,
Deste pingo sem bucal.

Vamos domar esta fera,
Com os tentos da sabedoria,
Reeducando o corcel redomão,
Pra deixa-lo de boca macia.

São aves de arribação,
Rumando lá para o alto,
Deixando ódio e solidão,
Lá na margem do asfalto.

Vamos, gritemos juntos,
Pra que ouçam nosso apelo,
Chega! É hora de dar um basta,
No holocausto deste atropelo.

Caxias do Sul, RS, I Seminário Gestão do Trânsito Urbano

Romarino

Patrício da velha farda
Respondo teu magnífico poema
Repontando a voz da siriema
Sentimento muito nobre
Tua alma em verso descobre
No peito brioso desse Brigadiano
Caroço rude para os insanos
Sempre firma na defesa dos pobres.

Na luta do dia-a-dia
Somos baluarte da raça
E não cedemos a carcaça
Mesmo que nos arranquem o pelo
Não temos medo de entrevero
Pois, aprendemos sermos duros.

A vitória é o símbolo da conquista
Para quem na busca se empenha
A inveja traiçoeira desempenha
Na desdita insana dos bastardos
Que na vida são pobres fardos
Entonados como pálidos caranchos
Mesquinhos sem Ter qualquer rancho
E que na dignidade são seres pardos.

A estima e força latente
Que impele o calor humano
Estimulando o coração ufano
Do taura que tem amizade
Do poeta xucro da sociedade
Que se estriba no bigode
Honra que a poucos pode
Significar uma sublime vaidade.

Companheiro da velha cepa!
Agradeço tuas rimas e versos
Pra mim teu rancho é o universo
Do aconchego e da estima
Rimar é a tua gratificante sina
No manejo do sentimento
Mostrando valor e talento
Continues na jornada de rimas.

Cap Ribas – Junho de 1988

Carga Bruta


                   Meu caminho itinerante,                          
Levo a sina de quem luta,
Sou tropeiro do volante,
Neste mundo que assusta.

Carrego anseios por diante,
Sou um viajante batuta,
Transporto a todo instante,
Emoções de carga bruta.

Entrego carga ao destino,
Recarrego noutra vaza,
Meu horizonte teatino,
Me mantem longe de casa.

São Cristóvão é companheiro,
Neste rodeio de andanças,
Santo Anjo Padroeiro,
Mantém vivo a esperança.

Chego no bairro das Dores,
Bem no morrer do dia,
Sinto o perfume das flores,
                   Que no meu lar irradia.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Despedida de Comando

I
Com licença Comandante,
Lhe peço o consentimento,
Prá expressar o pensamento,
Da tropa da guarnição,
Ao comandante da região,
Que com dever e seriedade,
Respeito e consideração.

II
A tropa está reunida,
E a vós presta reverência,
Vibrando amor à querência,
Pois é próprio da Brigada,
E ao concluir esta parada,
Com o devido respeito,
E levo dentro do peito,
Nossa amizade guardada.

III
É o chefe nosso amigo,
Filhos dos pagos do Rio Grande,
Que nesta terra se expande,
Deixando concreta amizade,
Levando consigo saudade,
Até me arrepia o pêlo,
Pois ecoam seus conselhos,
Dado com urbanidade.

IV
É charla muito amigaça,
Cheirando grama molhada,
Ressoando igual clarinada,
Como sopro do minuano,
Que envolve o ser humano,
D’alma franca e leadade,
Lhe digo é pura verdade,
É o conceito do Brigadiano.

V
Sempre de passo firme,
No meio da gauchada,
És a alma da Brigada,
Vagando neste rincão,
Que de galpão em galpão,
Fazendo ronda e vigília,
E no altar das coxilhas,
É anjo de lança na mão.

VI
Rondando nossa querência,
Voltado  pro agradecimento,
Na tradição do Regimento,
A figura nobre do Brigadiano,
É o quero-quero pampeano,
Noite e dia em função,
Na defesa de seu chão,
Em todos os meses do ano.

VII
Ao assumir o comando,
Deste Regimento macanudo,
Movimentou quase tudo,
Deixastes pelo aliado,
Agora está pelichado,
E boa aparência tem,
Qual a estrela de Belém,
Marcando vosso passado.

VIII
Abri da mente a cancela,
E soltei minha imaginação,
Seguindo o mesmo padrão,
Reviso os seus pessuelos,
O Regimento é o sinuelo,
Da estrada a ser seguida,
Sua obra será engrandecida,
Com bom trabalho e desvelo.

IX
Atento para o infinito,
Levanto os olhos pro céu,
Boto prá nuca o chapéu,
Com a mais sã disciplina,
Peço ao Patrão lá de cima,
Que lhe dê vida e saúde,
Coragem e juventude,
São nossos votos de estima.

X
Seu nome já foi gravado,
Nos versos desta poesia,
Onde festejamos sua alegria,
Nos tentos da sinceridade,
E nesta oportunidade,
Pedimos ao Coronel Golbery,
Que quando partir daqui,
Leve a nossa amizade.


                                                                                        Pedro de Mattos Ribas

Biongo

Eu parti da minha terra,
Deixando o biongo para trás,
A lavoura e a figueira,
Sonhando com muita paz.

Deixei amigos e parentes,
Para trabalhar na cidade,
Larguei ferramenta e sementes,
Em busca da felicidade.

Queria um bom emprego,
Que me desse tranqüilidade,
Pra família o sossego,
E muita prosperidade.

Abandonei as lides da roça,
Pra conquistar novo espaço,
Só consegui uma palhoça,
Bem distante dos rincões.

Quero voltar pra serra,
Ajojar o boi pitanga,
Mexer as entranhas da terra,
E me banhar lá na sanga.

Quero fazer meu biongo,
Com paredes de ternura,
Tendo a semente esperança,
Germinando candura.

Quero esquecer aquele refrão,
Plante que o João garante,
Semeando somente ilusão,
Tornando-me um itinerante.

Rincão da Boca do Monte

Na baixada o grande vale,
Com casas e arranha-céus,
A bruma da chuva como véu,
Cobre com espessa cerração,
Fumaça das entranhas do chão,
Como vinho extraído da uva,
Num belo dia de chuva,
Na cidade CORAÇÃO.

Escrevem os historiadores,
Exaltam os poetas a sua beleza,
Crêem que a mãe natureza,
Foi exuberante por aqui,
Pois no funda d’alma senti,
A mão do grande arquiteto,
Que embelezou o universo,
Na grande terra Imenbuí.

Província de São Pedro,
Como é vasto meu Rio Grande,
Quanta beleza se expande,
Em teus morros e pradarias,
No CORAÇÃO SANTA MARIA,
Centro Cultural Universitário,
De mestres depositários,
De herança e sabedoria.

Entre montes coberto de relva,
Retratando a velha Europa,
Na vindima florescem copas,
Afluindo fartos cachos,
Na terra fecunda acho,
Trabalho calmo de estância,
E filhos têmpera de aço.

Rincão da Boca do Monte, abril de 1986

                                                                       Pedro de Mattos Ribas – Cap PM

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Homenagem ao Inativo

Frente a figura do Inativo,
De puro cerne de coronilha,
A minha alma se enforquilha,
No brilho de sua estampa,
E em meu ser se acampa,
A construção do passado,
Que a história tem registrado,
No perfil de nossa pampa.

Marchando a passo firme,
No caminho do dever,
Fizeste a Brigada crescer,
Com determinação e civismo,
Com coragem e altruísmo,
Protegendo a cidadania,
Assegurando o di-a-dia,
As honras de seu gauchismo.

Folhando o livro do tempo,
Li a escrita dos caudilhos,
E como sou um bom filho,
Reverencio o acervo de glórias,
Orgulho de nossa história,
Legada pelos ancestrais,
Que registrastes nos anais,
A vossa sublime vitória.


                                                É inesquecível este dia,
                                                Que entrelaçamos nossas mãos,
                                                Unimo-vos ao vosso coração,
                                                Num cumprimento a saudade,
                                                E revigorando a amizade,
                                                Transbordante de alegria,
                                                Ungido-nos em sintonia,
                                                Nos tentos da solidariedade.

Meu companheirismo inativo,
Criador desta Brigada,
Cumpriste tua jornada,
Deixando herança concreta,
E a nossa alma inquieta,
Seguindo o teu exemplo,
E para guardar este templo,
Somos, sentinelas alertas.

Santa Maria, 12 Nov 83
Cap PM Pedro de Mattos Ribas
                          Ten PM Armando Pereira Mendonça

Cristóvão Pereira de Abreu

Em 1599, Don Francisco de Souza, governador-geral do Brasil (entre 1591 a 1602), ainda acreditando na existência de ouro, esteve na região e levantou o pelourinho - símbolo do poder real na Nova Vila de Nossa Senhora da Ponte de Mont Serrat. Como se confirmasse a existência do metal, o governador retornou à corte.
Em 1654, o capitão Baltazar Fernandes mudou-se para a região com a família e escravaria e fundou um povoado, ao qual deu o nome de Sorocaba que na linguagem Tupi-Guarani significa “Terra Rasgada”.
Como incentivo para o povoamento da região, doou grande gleba de terras aos beneditinos de Parnaíba, com a condição de que estes construíssem um convento e uma escola, que funcionaria como centro gerador de cultura.
Na época, o comércio de índios era a principal fonte de renda, que a partir do século XVII foi substituída por outra atividade ligada ao comércio; as feiras de muares. A primeira tropa passou por suas ruas no ano de 1733, conduzida pelo Coronel gaúcho Cristóvão Pereira de Abreu, um dos fundadores do Rio Grande do Sul. Sem saber, Pereira de Abreu estava fazendo história e inaugurando um ciclo, o do Tropeirismo.
Sorocaba com o passar dos anos, devido a sua posição estratégica, tornou-se marco obrigatório para os Tropeiros, eixo econômico entre o Norte, o Nordeste e o Sul. A cidade, com o fluxo de tropeiros, ganhou uma Feira de Muares, onde brasileiros de todos os Estados reuniam-se para comprar e vender animais.
O grande fluxo de pessoas e de dinheiro proporcionou desenvolvimento do comércio e da indústria caseira, baseado na confecção de facas, facões, redes, doces e objetos de couro para montaria.
Novos ciclos de desenvolvimento marcaram a história de Sorocaba, incrementando a partir de 1875, com a inauguração da Estrada de Ferro Sorocabana. Indústrias têxteis de origem inglesa instalaram-se na cidade e tornaram-na conhecida como a Manchester Paulista.
Foi pelos trilhos da velha Sorocabana que chegou o progresso e logo o pequeno vilarejo desdobrou seu espaço, multiplicou sua população, passou a cidade, chegou a município e acabou investida na condição de Comarca.
O declínio da indústria têxtil fez com que a cidade buscasse novos caminhos e, a partir da década de 70, diversificou o seu parque industrial, hoje com aproximadamente 1.500 empresas, entre elas algumas principais do país.
A história de Sorocaba está presente em edifícios seculares, verdadeiras relíquias da arquitetura, como o Mosteiro de São Bento, com suas paredes de taipa; a Igreja Catedral, a Casa da Marquesa de Santos (Museu Histórico Sorocabano) , o Casarão de Brigadeiro Tobias , Estação de Ferro Sorocabana, entre outros.
Fonte: http://www.sorocaba.sp.gov.br/secoes/sorocaba/historia/index.php