Tio João Pedro, velho João,
Abra o fole da cordeona,
Cante junto uma canção,
Nessa gaita querendona.
Em cada verso que canto,
Uma tristeza me invade,
Cada gota do meu pranto,
Velho fole é saudade.
Quando abro este meu fole,
O traste velho rumina,
Meu coração fica mole,
E o meu peito ilumina.
Velha gaita missioneira,
Cheia de marca manhosa,
Mazurca, xote, vaneira,
Queixas de prenda chorosa.
Meu Pai recebeu de herança,
Do tempo do meu avô,
Gaita, chinoca e dança,
Mostrando aquilo que sou.
Velho traste de oito baixo,
Com o fole todo marcado,
Resmungando te encaixo,
No porão do meu passado.
Sta Maria, 10 Abr 86
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